quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Jackson do Pandeiro – Alegria Minha Gente (1978)

O paraibano Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), o “Rei do ritmo”, começou a carreira nos anos 40 tocando em cabarés e rádios de João Pessoa, por volta de 1953 transferiu-se com sua mulher, a compositora Almira Castilho para o Rio de Janeiro e logo foi contratado pela então poderosa Rádio Nacional. Virou sucesso com seu jeito ladino de cantar baiões, cocos e sambas, gravou inúmeros discos e influenciou muita gente. Entretanto, uma das passagens mais curiosas de sua vida foi o seu envolvimento entre os anos de 1973 e 1978 com a Cultura Racional, era um ativista fervoroso e estudioso dos livros “Universo em desencanto”, incluindo até algumas músicas com a temática racional em seu repertório. No álbum Alegria Minha Gente (Alvorada / Chantecler, 1978), Jackson do Pandeiro que aparece na capa usando uma corrente com o símbolo da cultura, registrou duas composições racionais de autoria de João Lemos, “Alegria Minha Gente” em que diz: “Alegria minha gente! / que a salvação chegou / batam palmas e digam viva! / ao racional superior”, e “Luz do Saber” que em seus versos avisa: “Olha aqui! / preste atenção, vou falar / a cultura racional / tá aí para ensinar”, mas também tem picardia e ritmo em “Mulher malvada”, “Vida dos outros”, “A estória do anel” e “Tambor de crioula”, os cumprimentos a Dominguinhos – que tá chamando você prá forrófiar, em “Xodó no Forró”, a esperança em Santo Antônio para acabar com a solidão em “Mundo novo”, a bonança cotidiana em “Não me falta nada”, a saudade das raízes em “Alô Palmeiras dos Índios” e o sofrimento e a luta dos escravos em “13 de maio”. O LP não tem ficha técnica de quais instrumentistas participaram das gravações, nem da famosa cozinha percussiva, porém o suingue que se ouve energiza qualquer aficionado em vinis perdidos no tempo. Lasca!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tony & Frankye (1971)

A dupla de cantores paulistas Luís Antonio Bizarro, o Tony e Fortunato Arduini, o Frankye, se esbarraram pelas andanças na boate Cave, reduto dos músicos que tocavam soul music em São Paulo e na formação do conjunto Top Five, em 1968 radicaram-se no Rio e logo gravaram dois compactos que chamaram a atenção de Roberto Carlos e de gravadoras, um deles contém a primeira gravação de “Adeus, Amigo Vagabundo” incluída no disco solo de Tony (Nosso Inverno / CBS, 1977) e a encantadora “Viu, Menina”. Em seguida, partiram para o registro de seu único, precioso e disputado álbum intitulado singelamente de Tony & Frankye (CBS, 1971) em uma atrevida mescla de soul, funk, ritmos latinos e toques de psicodelia, sob a direção artística de Raul Seixas, com composições próprias e de outros autores como Tim Maia, Raulzito, Luis Vagner, Robson Jorge, Carlos Lemos, Getulio Cortes, entre outros. A bolacha abre com a dinamite “Vou Procurar Meu Lugar” versão do duo para "Thank You (Falettinme Be Mice Elf Again)" de Sly Stone, segue com o forró “Vamos Lá Prá Ver“, que foi um dos seus maiores sucessos, passa pela latinidade de “Patati, Patatá” em homenagem ao guitarrista Carlos Santana, pelas lisérgicas “Trifocal”, “Depois Da Chuva No Posto 4” e “O Uriapuru”, nas letais que botam prá derreter “Broken Heart” e “Alma Brasileira” em versão instrumental, sem contar as baladas poéticas de “Hoje É Quarta-Feira”, “Estou Perdido No Meio da Rua”, “Que Eu Acabei Com Nosso Amor” e “Canção de Esperar Você”, que fecha o LP. Infelizmente a dupla se desfez prematuramente com a saída de Frankye um ano após o lançamento do disco, que assumidamente alucinou ao tomar ácido e cair na estrada por uns quatro anos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Jaime Delgado Aparicio – El Embajador Y Yo (OST, 1966)

El Embajador Y Yo é um filme produzido no Peru no estilo típico de comédia com ação dos anos 60, esperto e leve, com o personagem principal protagonizado por Kiko Ledgard, ilustre apresentador de TV de seu país, dirigido por Oscar Kanton e com esta delirante trilha sonora composta e arranjada pelo maestro e pianista peruano Jaime Delgado Aparício (Lima, 1943-1983) de formação clássica, mas um apaixonado por jazz que desde pibe demonstrou interesse pelo piano, estudou música nos Estados Unidos e Europa, onde começou a compor para filmes e na volta ao seu país dirigiu a Orquestra Sinfónica Nacional. Neste álbum, ele demonstra toda a sua habilidade no comando de uma big-band com criativos arranjos em surpreendentes temas como nas praianas “Surf Sexy” e “Surf Del Embajador”, nas nuances e no ritmo de “Todo El Mundo Me Persiegue”, “Lucha En El Mar” e da faixa-título “El Embajador Y Yo”, na misteriosa “Llegando A La Capital”, na imponente com inspirado arranjo de sopros “Isometria”, na romântica “La Araña” em versão instrumental com belo solo de sax e a cantada por Patrícia Aspillaga, que fazia parte do elenco da película e na orquestrada recheada de cordas “Gran Final”, todas elas extraordinárias composições que com muito groovy e elegância, devem ser demoradamente desfrutadas. O selo Vampisoul reeditou licenciado da empresa peruana IEMPSA/Decibel, este disco em 2007 com cinco faixas bônus de Jaime Delgado Aparicio à frente de seu Jazz Trio.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Luiz Loy Quinteto Interpreta Chico Buarque de Hollanda (1967)

O maestro e pianista paulista Luiz Machado Pereira, mais conhecido como Luiz Loy, atuou por muitos anos em conjuntos de televisão, de teatros e nos bailes e boates, entretanto, gravou inúmeros álbuns à frente de seu próprio grupo, como o disco Luiz Loy Quinteto Interpreta Chico Buarque de Hollanda (RGE, 1967) onde ele presta uma justa homenagem ao compositor que ainda moço, estava em início de carreira, porém com uma obra já madura. Passeando por essas composições de sua fase inicial, um surpreso Chico faz elogios na contracapa, a capacidade, a coragem e a dedicação do quinteto em interpretar seus sambas de forma instrumental, e questionava (já nessa época!) este projeto como sendo comercialmente ousado. Estão presentes neste registro, sucessos indiscutíveis e memoráveis como “A Banda”, “Noite dos Mascarados”, “A Rita” e “Quem Te Viu, Quem Te Vê”, que abre o LP, as preciosidades de “Tem Mais Samba”, “Sonho De Um Carnaval”, “Será Que Cristina Volta”, “Amanhã, Ninguém Sabe”, “Você Não Ouviu Nada”, “Madalena Foi Pro Mar”, “Meu Refrão” e “Olé, Olá”, todas gravadas em toques de arranjos jazzísticos, suingue e autoridade. O quinteto formado por Luiz Loy (piano), Bandeira (baixo), Zinho (bateria), Papudinho (piston) e Mazzola (sax-tenor), toca de forma harmoniosa e se aproveita das belas melodias das composições originais para transmitir inspiração em sua musicalidade e execução.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Antonio Carlos & Jocafi (1973)

Antonio Carlos e Jocafi, dupla de compositores e cantores baianos, autores de diversos sambas que muito transitaram pelas paradas de sucesso. Em seu terceiro álbum Antonio Carlos & Jocafi (RCA, 1973), o duo com seu jeito peculiar de composição em que mesclavam afro-sambas, coco, baião, cânticos de escravos, mais uma pitada de jazz e soul, para criar uma sonoridade singular e registrar um primoroso disco, basta ouvir o funkão “Xamego de Iná”, o gospel gregoriano de “Glorioso Santo Antônio”, o suingue de “Gamela (As ‘Moça’)”, a guapa “Por Nossa Senhora”, acompanhado de um fino arranjo de sopros e base, o galenteio sóbrio de “Dona de Casa”, impossível não falar do groove hipnótico e uma das faixas mais inspiradas do álbum “Tereza Guerreira”, que cansada de guerra foi guerrear, o divertido bolero “Te Quiero”, os casos e os acasos, as aventuras e as desventuras da paixão na sabedoria dos sambas de “Teimosa”, “Franqueza” e “Deixe Que É Dengo Dela”, a lenda e o folclore em “Sanfona Veia” e a maluca homenagem “Um Abraço No Lucien Extensivo Ao Edu Lobo” com participação da cantora Maria Creuza. Um expressivo número de músicos participou das gravações, o pessoal segurou o rojão e não deixou cair, prestando sua colaboração por seu talento, entre eles estão Waltel Branco (guitarra), Neco (violão de 12 cordas), Aldo e Capacete (baixo), Pascoal (bateria), Edson Frederico (piano e arranjos), Halley (órgão), Caçulinha e Chiquinho (acordeon), Pedro Sorongo (tambores), Chico Batera (percussão), Carlinhos Pandeiro de Ouro (pandeiro), Edson Maciel e Edmundo Maciel (trombone tenor), Celso e Jorginho (flauta), Pinduca (xilofone e bells), Fumagalli (harpa), Vania Ferreira e Cláudia Mello (vozes femininas), A Máfia (coro), Rildo Hora (gaita e também diretor de estúdio) e Leonardo Bruno (arranjos e regência).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Leci Brandão – Questão de Gosto (1976)

Sambista ligada à ala de compositores da escola de samba Mangueira e uma das mulheres mais importantes do mundo do samba por sua atuação e pesquisa. Em seu segundo álbum Questão de Gosto (Polydor, 1976), com texto da contracapa escrito por Martinho da Vila, Leci Brandão apresenta doze faixas poéticas e melódicas que prezam pela qualidade e confirmadas nas suas composições, “Ser Mulher (Amélia de Verdade)”, que afirma seu ponto de vista da conduta da mulher perante o homem, na seresta crítica aos falsos sambistas em “Ritual”, na história da cinderela com final infeliz de “Maria Bela, Maria Feia”, na meditativa com luxuoso solo de clarinete em “As Pessoas e Eles”, no partido-alto astral positivista de “Deixa Prá Lá”, nas escolhas em “Questão de Gosto”, no recado magoado de “...E Tudo Bem”, no bolero “Madrugadas Paulistas” e na inspirada “Mãos Libertas” em parceria com André. Ela também interpreta sambas de outros autores e canta a incompatibilidade amorosa na divertida “Mulatinho” de Martinho da Vila, a súplica melancólica em “Epitáfio De Um Sambista” de Wilson Bombeiro e a luta e o cotidiano do povo negro escravo em “Casa Grande e Senzala” (Samba enredo da Mangueira de 1964) de Zagaia, Comprido e Leleo. Um time esperto de músicos o a acompanhou nesta gravação, entre eles Dino (violão de 7 cordas), Helinho, Mão de Vaca e Jorginho Urubu (violões), Mané do Cavaco e Alceu (cavaquinhos), Papão, Wilson das Neves e Mamão (bateria), Alexandre e Luizão (contra-baixo), Hélio Capucci (guitarra), Menezes (bandolim), Jorginho (flauta), Barreto (piston), Ed Maciel (trombone), Jayme (sax tenor), Mario Kupe (clarinete), pessoal do ritmo Zeca da Cuíca, Serginho e Testa (pandeiros), Geraldo (bongô), Hermes, Ariovaldo, Wilson Canegal, Doutor, Ronaldo, Chacal, Ovídio, Elizeu, Luna, Risadinha, Bezerra e Carlinhos da Mocidade, Kojac (coro pesado), Angela, Malu, Cybele, Amaro, Ronaldo e Gastão (coro leve), mais participação de Paulo Moura não creditada, a parte técnica sob a direção artística de Roberto Menescal e arranjos e regências de Ivan Paulo. Um disco de samba, mas ao mesmo tempo provocativo e de muito talento, que agrega outras influências sem aquele receio imaculado de se perder a autenticidade.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Hyldon - Sabor de Amor (1981)

O baiano Hyldon, cantor e instrumentista, formou ao lado de Tim Maia e Cassiano a tríade da soul music brasileira nos anos 70, além disso produziu e tocou com diversos artistas, entre eles o próprio Tim, Wilson Simonal, Tony Tornado e Erasmo Carlos. O álbum Sabor de Amor (Continental, 1981) é o quarto de sua carreira e talvez o mais consistente musicalmente, pelas belas composições de sua autoria e pelo pulsante instrumental apresentado, que teve como banda de apoio os músicos Alexandre Malheiros (baixo), Ivan Miguel Mamão (bateria), Sérgio Carvalho (Hammond e piano Fender), Zé Roberto Bertrami (sintetizadores), mais a participação de Antonio Adolfo (piano Yamaha), Márcio Montarroyos (flughhorn), Renato Piau (guitarra), Mário Monteiro Picolé (bateria) e Grupo Alma Brasileira (percussão), ou seja, só fera atacou nas gravações. O LP abre com a levada despreocupada de “Vadiagem” e viaja pelas baladas “Sabor de Amor”, “Siga O Teu Caminho”, “Amor, Riso e Lágrimas”, com elegante solo de Montarroyos e “São Conrado”, homenagem a praia estampada na capa, também merecem destaque as canções “Cubana”, de irresistível balanço latino, “Leva-La-Ei (Like A Bird Flying)”, “Amor Na Terra Do Berimbau” e “Vem Dançar o Samba”. Um disco raro e altamente recomendável, que contém boas músicas, devendo ser ouvido sem pressa para poder se contemplar os detalhes dos arranjos.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Franco (1978)

Franco Scornavacca é italiano e aos oito anos veio para Porto Alegre, como baixista, integrou a banda Os Brasas, é pai dos integrantes do KLB (sic) e foi ou ainda o é, não possuo essa informação precisa, empresário de Zezé di Camargo e Luciano. Lançou catorze compactos e dois álbuns, em depoimento à finada Revista Bizz de agosto de 1999, lamentava o fato da dificuldade daqueles tempos, anos 70, pelos problemas enfrentados com o pessoal do rock e do samba, que não entendiam o som suingado que produzia, mas ao mesmo tempo sentia muitas saudades e a canção “Rock Enredo” é o seu primeiro sucesso. Porém, seu trabalho que obteve maior êxito é o LP Franco (Continental, 1978) em que figuravam composições de Luis Vagner, Hélio Matheus, Bedeu, Alexandre, Antonio Marcos, Voltaire, entre outros. Músicas como a divertida “O Rock do Rato” e o sambablackrock “Black Samba”, são clássicos dos bailes, mais a venenosa “Fazer Molho Na Cozinha”, a de levada latina “Bloco Maravilha”, a lírica e essencial “Como?”, a introspectiva “Moro No Fim Da Rua” e as canções que sintetizam a pluralidade musical do álbum por suas melodias, pelo cenário apresentado, pela citação de seus ídolos nas letras, que pode ser conferido em “Guitarreiro”, “Coqueluche”, “Coisas Antigas” e “Nostalgia Transviada”. Um conjunto formidável de instrumentistas participou das sessões de gravação, entre eles Luis Vagner (guitarra e violão), Branca Di Neve (ritmo), Armandinho (piano), Hector Costita (sax) e Roberto Sion (sax), que com excelência e balanço, protagonizaram esse suntuoso disco.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tim Maia - Inauguração do Teatro Bandeirantes (1974)

Apresentação de Tim Maia no show de inauguração do teatro Bandeirantes realizado no dia 12/08/1974 em São Paulo, espetáculo que reuniu a nata da música popular brasileira, como Rita Lee, Elis Regina, Chico Buarque com MPB-4 e Maria Bethânia. Tim Maia canta alguns de seus grandes sucessos acompanhado da excelente Seroma Band e o componente mais raro deste vídeo é a execução da música "Imunização Racional (Que Beleza)", pouco antes de Tim mergulhar nas profundezas do mundo racional.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Roberto Pregadio – Il Medico...La Studentessa (1976)

Particularmente gosto muito das trilhas sonoras de filmes italianos, especialmente a dos anos 60 e 70 pelo uso de jazz, grooves e bossas, e uma dessas que destaco é a do longa-metragem do gênero comédia-erótica, ou seja, uma pornochanchada, Il Medico...La Studentessa (Beat, 1976), película que tem a direção de Silvio Amadio e música do maestro Roberto Pregadio, italiano da Catania, nascido em 6 de dezembro de 1928, que em seu currículo, compôs inúmeras trilhas de cinema e TV. As principais faixas são relativas à personagem vivida pela exuberante atriz Gloria Guida, como no tema dançante e de batida insinuante “Claudia” e em “Claudia In Motoretta”, de piano apurado e uma pitada de bossa nova à la italiana, que exerce influência na psicodélica e recheada de teclados, “Bossa Nova Della Sposa” e em “In Piscina”, no estilo sexy lounge e um dos melhores momentos do álbum, exemplos que marcam definitivamente a relevância do ritmo brasileiro no cenário europeu. Os outros títulos com destaque estão na atmosfera de “Visioni Sognatti”, “Indagando”, “Il Dottore Indiano” e “Strip Tease”, no groove de “Country Piano”, na doce balada “Dottore Romantico”, na marchinha “Il Colonnello” e na sarcástica “Bi-Di-Bi-Da”, que refletem e completam o clima despreocupado e de sacanagem deste modelo de filme. Diversão garantida!

sábado, 13 de junho de 2009

Carlos Lee – Bossa Maximus (1965)

O desconhecido cantor Carlos Lee, de quem não se encontra quase nenhuma informação a seu respeito, pois pesquisei e encontrei apenas o release do selo inglês Whatmusic, que relançou seu único e obscuro álbum chamado Bossa Maximus (Musidisc, 1965), uma vez que em seu volume original, a contracapa somente apresenta anúncios de outros títulos da gravadora. Apesar dos paupérrimos dados, este é um primoroso trabalho musical e acredito que por ter sido distribuído pela Musidisc, seja um registro coordenado por Nilo Sérgio com Ed Lincoln nos arranjos (?). Carlos Lee com sua voz agradável e natural nos apresenta doze sambas, ora mais sutis, ora cheias de balanço com fraseados “jazzísticos”, sua única composição é o afro-samba “Zulu”, que juntamente com “Rei do Kilombo”, “Canto do Boiadeiro” e “Capoeira de Oxalá”, do compositor Luis Carlos Sá, falam de miséria, de luta e de dor e fazem parte das suas canções de protesto intelectual, tão emergentes por aqueles tempos. Já “Meu Rio” de Cezar Costa Filho, canta as belezas da cidade e a minha preferida “Amando Estou” de Luiz Sergio Pacce e Tranca, que conta com um esmerado tema de Hammond, mais “Cantiguinha” de Sergio Bittencourt, “Mensagem” de Durval Ferreira e Regina Werneck, o antigo samba “Subúrbio Triste” de Newton Chaves, “Você Me Conquistou” de Newton Pereira e José Pereira Junior e as melancólicas baladas, quase bossa valsas “Quarta Feira” de Tranca e a esplêndida “Disseram” de Tito Madi, são sobre amores perdidos, saudosos, descontraídos ou simplesmente encantadores. A banda de apoio com bateria, percussão, baixo, piano, vibrafone, flauta e sax, produz a atmosfera certa sem soar extravagante e infelizmente não se sabe o nome dos instrumentistas e mais, na foto da capa, o cantor em um barco com o morro da Urca ao fundo é inteiramente Bossa Nova!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Os Cobras (1960)

Waltel Branco (guitarra), Paulinho Baterista (bateria), Moacyr Silva (sax), Edmundo Maciel (trombone), Julinho Barbosa (piston) e o israelense Chaim Lewak (piano), citado por Wilson Simonal em depoimento ao escritor Zuza Homem de Mello para seu livro Eis Aqui os Bossa Nova, como fundamental em sua carreira pelo seu estilo eclético nas teclas. Com este time respeitável, todos músicos tarimbados da noite, das boates e dos inferninhos e com a autoridade de tocar sambas, boleros, jazz e fox com incrível destreza. Neste álbum Os Cobras (Beverly, 1960), por eles registrado, se sente esta essência noturna, cada uma das composições apresentadas se tem um deles como solista e os destaques ficam por conta das canções com sabor brasileiro como: “É Bom Assim”, “Cheiro de Saudade”, “A Flor do Amor”, “Menina Feia” e “Do Jeito Que A Gente Quer”, mas não se castigue e deguste sem medo dos foxes “Love Me Or Leave Me” ou “Athena” com aquela textura jazzística ou então do bolero “Doce Melancolia”.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Os Originais do Samba - É Preciso Cantar (1973)

Álbum essencial da vasta discografia do grupo, É Preciso Cantar (RCA Victor, 1973) conta com sambas famosos, que até hoje tocam nas festas como “Falador Passa Mal”, que manda o recado: “Se você sair por aí e não conseguiu arranjar alguém / deixe que alguém saia por aí e consiga arranjar você” e “Saudosa Maloca”, com o carimbo dos Originais, mais as homenagens na bonita “Ao Velho Poeta Pixinguinha” e “Os Sucessos de Erasmo e Roberto Carlos”, ao Carnaval na melancólica “Última Folia” e “Carnaval”, as musas em “Mulher”, “É Preciso Cantar” e “Ilusão Maior”, das lembranças da vovó no tempo do cativeiro em “Casca de Côco” e também aos ritmos nordestinos em “Frevo do Saberê”. O conjunto no seu auge com sua formação original que tinha Mussum (reco-reco), Bigode (pandeiro), Bidi (cuíca), Chiquinho (ganzá), Lelei (tamborim) e Rubão (surdo), apresentando uma intensa sonoridade percussiva e um talento para balançar estruturas. Na ficha técnica, arranjos e regências de W. Mauro, Messias, Ted Moreno, Elcio Alvarez e Wilson Miranda, que ainda assina a coordenação artística e direção de estúdio.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Moreira da Silva - Mo"Ringo"Eira (1970)

Mestre do samba de breque, 98 anos de vida, nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e morreu em 2000. Percorreu as rodas de malandragem e os cabarés da Lapa dos anos 30/ 40, mesmo época em que começou a sua carreira musical, encarnando o espírito e a imagem dos malandros com chapéu Panamá, sapato bicolor e terno branco, adotou o apelido de Kid Morengueira e como diferencial, adicionou falas improvisadas entre os breques dos seus sambas. Durante os anos 50 e começo dos 60, obteve sucesso e gravou inúmeros discos pelo selo Odeon. O álbum Mo”Ringo”Eira (Phonodisc/Continental, 1970) foi lançado já em uma fase onde o cantor enfrentava a concorrência dos cantores cabeludos e reclamava da falta de oportunidades para aparecer em programas de rádio e TV como afirma em depoimento ao Museu da Imagem e do Som em 1967: "O sucesso corre como água de regato. Às vezes pára um pouco, faz aquele remanso, mas a onda vem de novo". Sem perder o fôlego, neste LP continuam suas histórias fantásticas que envolvem a malandragem: “O Conto da Mala”, “Rebocador Laurindo”, “Moreira na Ópera” e “Paraíso de Malandro”, futebol em “Fera de Ouro” – homenagem ao jogador Tostão e ao tri-campeonato mundial do Brasil, as sogras em “Carne Prá Lingüiça”, mulheres em “Garota Genial” e “Vou Cassar Seu Mandato”, a hilária “O Sequestro de Ringo” de Miguel Gustavo, inspirado nos filmes de bang-bang italianos e uma regravação do seu clássico “Na Subida do Morro”. Destaque para os arranjos de base e de metais, o samba de bateria, a utilização de flautas, órgão, coro feminino e dos solos de trombone.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Astor Piazzolla y su Conjunto 9 – Musica Popular Contemporanea de De La Ciudad de Buenos Aires (1972)

Astor Piazzolla, famoso bandoneonista argentino que após alguns anos fora de seus país, forma no começo dos anos 70 o Conjunto 9, agregando novos músicos para seu antigo quinteto e sobre esta ampliação ele revela: “É minha nova inquietude e sobre tudo me faz muito feliz poder escrever e tocar outra música: o mesmo ocorre com os solistas”. O primeiro trabalho dessa fase é o intenso Musica Popular Contemporanea de De La Ciudad de Buenos Aires (RCA, 1972) que entre tangos e milongas, com Piazzolla assinando todas as composições, é um álbum excepcional e temas como “Zum” – da trilha sonora do filme brasileiro Toda Nudez Será Castiga (1974), “Tristeza De Um Doble A”, uma de suas mais bonitas músicas e recheada de detalhes, a expressiva “3x4” e segue com “Homenaje a Cordoba”, “Fuga 9”, “Prelúdio 9” e “Divertimento 9”, todas com aquela carga dramática própria da música portenha. Os músicos que competentemente o acompanham são: Osvaldo Manzi (piano), Antonio Agri (violino), Hugo Baralis (violino), Nestor Panik (viola), José Bragato (cello), Kicho Diaz (baixo), Oscar López Ruiz (guitarra elétrica) e José Correale (percurssão), sendo estes os componentes do Conjunto 9. Registrado com muita alma e vida, este álbum apresenta-se prolífico para o instrumentista, que como solista pôde desenvolver sua musicalidade.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Don Junior – Sambas Nº 2 (1963)

Este é um dos meus LP´s preferidos, Don Junior em Sambas Nº 2 (RGE, 1963) no saxofone com conjunto e orquestra RGE. Com uma bela escolha no repertório, Don Junior, pseudônimo do argentino Hector Costita e seu sax maravilhoso, como frisado na capa, tem um suingue brejeiro que remete ao um clima meia-luz, rosto colado na cara da menina, olho no olho, sexy e romântico. Recebendo esta roupagem, músicas como “Ah! Se Eu Pudesse”, “Nós e o Mar”, “O Barquinho”, “Só Danço Samba”, “Samba De Uma Nota Só” e “Samba do Avião”, clássicas da Bossa Nova e compostas pelas duplas Bôscoli-Menescal e Tom-Vinicius, estão presentes, lado a lado com as surpreendentes “Volta Por Cima”, “Raízes”, “Foi Saudade”, “Sambossa” e “A Mesma Rosa Amarela”. Com a supervisão e direção musical do maestro Reben Perez (Pocho), um conjunto afiado e uma orquestra de cordas que valoriza ainda mais os solos de sax, são os ingredientes deste álbum agradável, singelo e recomendado para se curtir bons momentos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pixinguinha

23 de abril é dia de São Jorge, Dia Nacional do Choro e aniversário de Alfredo da Rocha Viana Filho, mais conhecido como Pixinguinha. Nem é preciso destacar a importância e a beleza de suas composições, algumas delas são clássicos quase centenários como "Carinhoso", "Rosa", "Lamentos", entre outras. Para comemorar este dia tão festivo, nada melhor que ouvir as maravilhosas músicas do batuta Pixinguinha, interpretadas por por outros monstros como Radamés Gnatalli, Jacob do Bandolim e Conjunto Época de Ouro, Boêmios e Orquestra, em um concerto em homenagem aos seus 70 anos. Registrado pelo MIS, Pixinguinha 70 (1968) foi realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a presença nos camarotes do compositor que foi muito ovacionado e que com certeza aplaudiu o repertório apresentado sob os arranjos do maestro Radamés Gnatalli, passeando pelos temas já citados e outros como "Passatempo", "Gargalhada", "Vou Pra Casa" e "Os Cinco Companheiros". Simplesmente essencial!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Jorge Ben - Waimea 55000 (Fantástico 1979)

Homenagem de Jorge Ben ao surf, esporte que então era "a onda do momento", em letra inspirada e divertida e com suingue irresistível.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Meireles e sua Orquestra – Brasilian Explosion (1973)

Projeto conduzido pelo instrumentista e arranjador J.T. Meireles, que após ter liderado o Copa 5, forma nos anos 70 uma orquestra e grava o álbum Brasilian Exolosion (Odeon, 1973). Reunindo clássicos como “Aquarela do Brasil”, “Tristeza Pé no Chão”, “Carinhoso”, “Não Tenho Lágrimas” e “Na Baixa do Sapateiro” - em versão totalmente funkeada, sucessos da época como “Regra Três”, “Kriola”, “Cosa Nostra”, uma bossa lindissíma de Jobim, “Nuvens Douradas”, e sua interpretação para “Also Sprach Zarathusta (2001 - Uma Odisséia no Espaço)” caindo no samba com cuíca e tudo mais. Arranjos de sopros se misturam a sons de teclados eletrônicos e forte percussão, em uma mistura que funciona muito bem. Conheci esse disco, graças ao um CD que comprei numa loja no litoral gaúcho, lá estava ele jogado em uma caixa de promoção no verão de 1996, é da série Os Originais, que a EMI lançou no ano anterior, remasterizando 40 títulos que resgatou muita coisa boa. Esse é mais um registro daqueles memoráveis – confesso que o ouvi demais, pelo repertório e sonoridade esplêndida.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ana Mazzotti (1974)

Gaúcha de Caxias de Sul, a cantora e pianista Ana Mazzotti (1950-1988) desfila elegância em seu álbum Ana Mazzotti (Top Tape, 1974). Com a participação luxuosa de José Roberto Bertrami (Piano, Moog e Arp Strings), Alex Malheiros (guitarra e baixo), Romildo T. Santos (bateria) e Ariovaldo (percussão), na execução das músicas com muita autoridade e groove. Na interpretação das suas composições, Mazzotti ora é emocionante, ora é delicada. Há tesouros como “Roda Mundo” – pescado pelo grupo francês Reminiscence Quartet, “Agora Ou Nunca Mais”, “Eu Sou Mais Eu”, “Sou”, “Bairro Negro”, e em “Cordão” de Chico Buarque e no clássico soul “Feel Like Making Love”. Jazzfunk sound brasileiro da melhor qualidade, que com certeza influenciou diversas bandas da nova geração, principalmente ou infelizmente (pois no nosso país passa despercebida) de estrangeiros que buscam sempre uma boa referência.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Zé Roberto Bertrami e Projecto III - Encontro (1970)

O Projecto III é um dos primeiros trabalhos do trio de integrantes que mais tarde formaria a banda Azymuth, reforçado da guitarra de Frederico M. de Oliveira (Fredera) e liderado pelo pianista Zé Roberto Bertrami. Registraram o álbum Encontro (Equipe, 1970), disponível em CD pela Whatmusic, onde já se ouvem as sonoridades, os arranjos e as texturas complexas do que se transformaria em uma das musicalidades mais respeitadas do planeta, arrebanhando fãs até hoje e com destaque para os timbres de órgão de Bertrami. Jazz, soul, samba e easy-listening dos anos 60, são a base desta gravação que conta ainda com a colaboração de Maria da Piedade (Pia) nos vocais e Hartu (percussão). Não deixe de conferir as pérolas: "Arabian Nights", "Surra 7", "Mustang Cor de Sangue", "Chafariz", "Valsinha Nº 1", "Parapluies", "Nádia", " Meia Volta (Ana Cristina)", entre outras.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Brazilian Octopus (1969)

Este é um disco genial que não poderia passar em branco, o LP do Brazilian Octopus, banda formada em São Paulo por volta de 1968 para animar os desfiles da Rhodia, empresa do ramo têxtil. Os componentes deste octeto eram músicos da mais alta qualidade, como Hermeto Pascoal (flauta), Lanny Gordin (guitarra), João Carlos Pegoraro (vibrafone), Olmir "Alemão" Stocker (violão e guitarra), Cido Bianchi (piano e órgão), Douglas de Oliveira (bateria), Nilson da Matta (baixo) e Carlos A. Alcântara Pereira (sax e flauta), e com este time em 1969 registraram pela Fermata, um dos melhores álbuns de música instrumental já gravados no Brasil, em uma mistura de jazz, bossa, samba e psicodelia. O combo nos presenteia com belíssimos arranjos em faixas vibrantes como "Gamboa", "Gosto De Ser Como Sou", "Summerhill", "Rhodosando", "Momento B8" - criação de Rogério Duprat e nas interpretações de "Casa Forte" e da bossanavista "Canção de Fim de Tarde", tudo elmoldurando em uma sonoridade produzida por Mário Albanese e Fausto Canova, que explorava como escrevera o jornalista Carlos Calado em um texto sobre o conjunto, os sons da flauta com vibrafone, órgão e guitarra. Não perca esse disco, ele já salvou minha vida em um daqueles dias "mais ou menos", me fez lembrar de como é bom se ouvir uma boa música. Uma curiosidade, Hermeto não pôde comparecer a sessão de fotos da capa, em seu lugar está um figurante.

terça-feira, 17 de março de 2009

Trio Mocotó (1973)

O Trio Mocotó era formado pelos percussionistas cariocas Nereu "Gargalo" (cuíca) e Luís Fritz "Escovão" mais o paulista João Parahyba (timba), começaram tocando juntos na boate Jogral em São Paulo, onde acompanhavam Jorge Ben, junto com o cantor participaram em 1969 do FIC apresentando a música Charles, Anjo 45, a parceria durou até 1972. Posteriormente trabalharam com Toquinho e Vinicius, Chico Buarque e Abílio Manoel. O segundo álbum intitulado Trio Mocotó (RGE, 1973) é de excelente qualidade e mistura na medida certa o samba com jazz, soul e rock, com predominante força na parte rítmica e nos arranjos dos maestros Rogério Duprat, Waldomiro Lemke, Sérgio Carvalho e João Carlos Pegoraro. Ouça o disco e comprove, não vou destacar nenhuma canção, pois considero este registro como um dos mais bem acabados da música brasileira.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Toquinho e Vinicius (1971)

Segundo disco da dupla em um encontro certeiro, onde a musicalidade de Toquinho se aliou a poesia de Vinicius já visualizado na arte da capa. Toquinho e Vinicius (RGE, 1971) é um álbum de sambas maravilhosos, de grandes composições com produção do próprio Toquinho, arranjos do maestro Briamonte e acompanhamento do Trio Mocotó. O disco abre com "Essa Menina" e segue no mesmo ritmo com "Maria Vai Com As Outras", uma receita para se viver bem em "Testamento", a procura da felicidade em "Terra Prometida", as extraordinárias "Sei Lá...A Vida Tem Sempre Razão" e "O Velho e a Flor", cantam o amor em "Morena Flor" e em "Rosa Desfolhada" e a fé afro em "Canto de Oxum", sem deixar de esquecer de "Blues Para Emmett", são as canções que destaco deste fundamental registro.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Paulo Diniz - E Agora José (1973)

O pernambucano Paulo Diniz é um dos grandes nomes que fizeram a ponte entre a black music e as raízes brasileiras, no seu caso o coco e o samba. No álbum E Agora José (Odeon, 1973) ele musicou o poema "E Agora José" de Carlos Drummond de Andrade, recebeu uma carta elogiosa do poeta que não conseguia mais ler o poema sem cantar a música. A maioria das composições são de sua autoria em parceria com Odibar, com destaques para "Bahia Comigo", "Gosto Aborrecido", "Rasgo Seda A Bessa", "Miradouro" - com a temática interiorana e a balada soul "Pés Descalços", e de Luis Vagner gravou a romântica "Como?". Neste disco a banda de apoio foi formada por Dom Salvador (piano e órgão), Marcelo e Frederiko (guitarra), Luis Carlos e Paulo Diniz (violão), Helinho (viola), Marcelo e Hurgo (baixo), Lula Sorriso (bateria) e como assistente de produção Adelzon Alves, que também escreveu o texto da contracapa deste bom LP.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Célia (1972)

A cantora Célia, desde cedo se interessou por música, na adolescência estudou violão e depois por volta de 1970 se lançou como vocalista no programa "Um Instante Maestro" de Flávio Cavalcanti, obtendo prestígio para logo no ano seguinte registrar seu primeiro LP. Já o seu segundo trabalho intitulado Célia (Continental, 1972) apresentou como arranjador e regente, o maestro Arthur Verocai, que assina juntamente com Vítor Martins, a arrebatadora faixa na "Boca do Sol" - sampleada na original pelo rapper Ludacris, brilham também duas composições de Roberto e Erasmo - que por curiosidade, escreve um divertido texto no encarte do álbum, a suingada "A Hora É Essa" e o standard "Detalhes", outros nomes presentes são os irmãos Valle com "Dominus Tecum", Luiz Carlos Sá e Zé Rodrix com "Vida de Artista", os mestres Tom e Vinicius com "É Preciso Dizer Adeus", destaque para a bela música cantada em espanhol "Mia" de Armando Manzanero e o samba "Badalação (Bahia Volume 2)" de Nonato Buzar, Tom e Dito. Um trabalho consistente, com arranjos de cordas e sopros que emolduram e valorizam a admirável voz de Célia.