quinta-feira, 18 de março de 2010

Azimüth – Compacto (1975)

Verdadeira relíquia este compacto do conjunto Azimüth editado pelo selo Polydor no ano de 1975 e que se notabilizou por conter o hit “Melô da Cuíca”, presente na trilha sonora da novela global Pecado Capital. O ‘7 polegadas’ tem mesmo o carimbo de raridade, o grupo se chamava germanicamente de Azimüth e na sua formação além do trio José Roberto Bertrami, Alex Malheiros e Ivan Miguel Conti, o Mamão, ainda contava com o percussionista Ariovaldo Contesini. A utilização de instrumentos eletrônicos como os teclados Arp 2. 600, Arp Odissey, Arp Strings, Fender Rhodes 88, Hammond e M. 102 pilotados por Bertrami, o baixo Vox, Rickenbacker, Mutron Phasc e Bad Stone, tocados por Malheiros juntamente da parte percussiva de bateria, apitos e triguilhas, de Mamão e Ariovaldo, mais o caldeirão de influências com os ritmos e melodias do samba, jazz, rock e funk, são os ingredientes para estes músicos, desprendidos de rótulos, criarem uma sonoridade única e original. Faixas como a psicodélica “Zombie”, cheia de quebradas e viradas de bateria, a já citada “Melô da Cuíca” com direito a um frenético solo, “Que É Que Você Vai Fazer Nesse Carnaval” com pegada de escola de samba e letra de Hélio Matheus e “Tempos Atrás” tema de levada sutil e aprimorada, não me contrariam. As participações especiais ficaram por conta de Carlinhos da Mocidade (repique), Doutor (repique de mão), Testa (pandeiro), Neném (cuíca), Báo da Mocidade (surdo de 3ª), Hermes (ritmos), Tony e Gastão (vocal), a direção de produção foi de Guti e Carlos Lemos com os arranjos da própria banda.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Azambuja & Cia. (1975)

Genial trabalho de composição da dupla Arnaud Rodrigues e Chico Anysio para a trilha sonora do seriado televisivo Azambuja & Cia que foi ao ar na temporada de 1975, o personagem principal, um malandro capaz dos maiores trambiques para se dar bem, era magistralmente interpretado por Chico Anysio e no elenco figuravam Arnaud Rodrigues, também autor dos textos, como o imediato Bilico, Tião Macalé era o cego Stevie Wonder, Dorinha Doval (Nega Brechó), Dalto Ferreira (Trivelato), Tião Olímpio (Pernambuco) e Paulo Rodrigues (MacPherson), fora as participações especiais. O álbum curiosamente contém duas faixas de monólogos onde são contados alguns dos causos e peripécias de Azambuja, algumas hilariantes, mas a excelência está nos diamantes musicais deste álbum Azambuja & Cia. (CID, 1975), como “Nega Brechó”, uma reverência de quem vem de longe para ver sua musa com destaque para o belo solo de gaita, “Ao Bilico”, uma das canções mais legais da bolacha tem fino acompanhamento de piano Rhodes, “Tema de Azambuja”, de levada hipnótica que exalta as raízes africanas do “negro de babalaô” nascido no berço do samba, “Maristela”, tributo a amada que é a rainha do morro, porta-bandeira e solução da paz com a participação de Arnaud Rodrigues, “O Poste da Rua Jorge Lima”, nostálgico samba brejeiro que relembra as molecagens da turma no local em que se formou, se encontrou e que a vida separou, “Verde”, tema instrumental preenchido de teclados com efeitos e a “A Turma”, outra instrumental, porém mais melodiosa. Como não poderia deixar de ser diferente, os compositores se cercaram de ótimos músicos para as gravações, tocaram nas sessões Victor Assis Brasil, Conjunto Azimuth, Celso Woltzen, Mauricio Einhorn e Durval Ferreira, que também atuou como produtor e diretor artístico e os arranjos ficaram nas sábias mãos de José Roberto Bertrami e José Menezes. E também não poderia faltar o peculiar alerta de Azambuja para este registro na contracapa: “Este disco é um barato e fará sucesso não apenas no Brasil, como também na França e se facilitar em Paris. É iço aí, malandro”.