quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Jackson do Pandeiro – Alegria Minha Gente (1978)

O paraibano Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), o “Rei do ritmo”, começou a carreira nos anos 40 tocando em cabarés e rádios de João Pessoa, por volta de 1953 transferiu-se com sua mulher, a compositora Almira Castilho para o Rio de Janeiro e logo foi contratado pela então poderosa Rádio Nacional. Virou sucesso com seu jeito ladino de cantar baiões, cocos e sambas, gravou inúmeros discos e influenciou muita gente. Entretanto, uma das passagens mais curiosas de sua vida foi o seu envolvimento entre os anos de 1973 e 1978 com a Cultura Racional, era um ativista fervoroso e estudioso dos livros “Universo em desencanto”, incluindo até algumas músicas com a temática racional em seu repertório. No álbum Alegria Minha Gente (Alvorada / Chantecler, 1978), Jackson do Pandeiro que aparece na capa usando uma corrente com o símbolo da cultura, registrou duas composições racionais de autoria de João Lemos, “Alegria Minha Gente” em que diz: “Alegria minha gente! / que a salvação chegou / batam palmas e digam viva! / ao racional superior”, e “Luz do Saber” que em seus versos avisa: “Olha aqui! / preste atenção, vou falar / a cultura racional / tá aí para ensinar”, mas também tem picardia e ritmo em “Mulher malvada”, “Vida dos outros”, “A estória do anel” e “Tambor de crioula”, os cumprimentos a Dominguinhos – que tá chamando você prá forrófiar, em “Xodó no Forró”, a esperança em Santo Antônio para acabar com a solidão em “Mundo novo”, a bonança cotidiana em “Não me falta nada”, a saudade das raízes em “Alô Palmeiras dos Índios” e o sofrimento e a luta dos escravos em “13 de maio”. O LP não tem ficha técnica de quais instrumentistas participaram das gravações, nem da famosa cozinha percussiva, porém o suingue que se ouve energiza qualquer aficionado em vinis perdidos no tempo. Lasca!