terça-feira, 11 de agosto de 2009

Leci Brandão – Questão de Gosto (1976)

Sambista ligada à ala de compositores da escola de samba Mangueira e uma das mulheres mais importantes do mundo do samba por sua atuação e pesquisa. Em seu segundo álbum Questão de Gosto (Polydor, 1976), com texto da contracapa escrito por Martinho da Vila, Leci Brandão apresenta doze faixas poéticas e melódicas que prezam pela qualidade e confirmadas nas suas composições, “Ser Mulher (Amélia de Verdade)”, que afirma seu ponto de vista da conduta da mulher perante o homem, na seresta crítica aos falsos sambistas em “Ritual”, na história da cinderela com final infeliz de “Maria Bela, Maria Feia”, na meditativa com luxuoso solo de clarinete em “As Pessoas e Eles”, no partido-alto astral positivista de “Deixa Prá Lá”, nas escolhas em “Questão de Gosto”, no recado magoado de “...E Tudo Bem”, no bolero “Madrugadas Paulistas” e na inspirada “Mãos Libertas” em parceria com André. Ela também interpreta sambas de outros autores e canta a incompatibilidade amorosa na divertida “Mulatinho” de Martinho da Vila, a súplica melancólica em “Epitáfio De Um Sambista” de Wilson Bombeiro e a luta e o cotidiano do povo negro escravo em “Casa Grande e Senzala” (Samba enredo da Mangueira de 1964) de Zagaia, Comprido e Leleo. Um time esperto de músicos o a acompanhou nesta gravação, entre eles Dino (violão de 7 cordas), Helinho, Mão de Vaca e Jorginho Urubu (violões), Mané do Cavaco e Alceu (cavaquinhos), Papão, Wilson das Neves e Mamão (bateria), Alexandre e Luizão (contra-baixo), Hélio Capucci (guitarra), Menezes (bandolim), Jorginho (flauta), Barreto (piston), Ed Maciel (trombone), Jayme (sax tenor), Mario Kupe (clarinete), pessoal do ritmo Zeca da Cuíca, Serginho e Testa (pandeiros), Geraldo (bongô), Hermes, Ariovaldo, Wilson Canegal, Doutor, Ronaldo, Chacal, Ovídio, Elizeu, Luna, Risadinha, Bezerra e Carlinhos da Mocidade, Kojac (coro pesado), Angela, Malu, Cybele, Amaro, Ronaldo e Gastão (coro leve), mais participação de Paulo Moura não creditada, a parte técnica sob a direção artística de Roberto Menescal e arranjos e regências de Ivan Paulo. Um disco de samba, mas ao mesmo tempo provocativo e de muito talento, que agrega outras influências sem aquele receio imaculado de se perder a autenticidade.