quinta-feira, 5 de junho de 2008

J. T. Meirelles

Homenagem ao saxofonista, arranjador e compositor João Theodoro Meirelles, mais conhecido como J.T. Meirelles, ícone do samba-jazz, que morreu nesta terça-feira (3), em seu apartamento, no Rio, aos 67 anos, com problemas no estômago.

Meirelles iniciou sua carreira profissional aos 17 anos de idade, tocando saxofone no conjunto de João Donato. Em seguida, mudou-se para São Paulo (SP), onde atuou com o pianista Luís Loy. De volta ao Rio de Janeiro, formou o grupo instrumental Copa 5, com o qual se apresentou no Bottle's Bar do Beco das Garrafas (RJ) e composto por músicos de alto calibre, todos ligados à bossa nova: Luiz Carlos Vinhas, Dom Um Romão, Manoel Gusmão e Pedro Paulo. Foi a formação que criou o conciso "O Som" (64), com seis clássicos instrumentais de Meirelles.

Tinha apenas 23 anos quando fez para o primeiro disco do então Jorge Ben, "Samba Esquema Novo" (1963), alguns arranjos, entre eles o de "Mas que Nada" e "Chove, Chuva", os primeiros sucessos de Benjor e das músicas brasileiras mais gravadas no mundo. Em entrevista ao Estadão, Meirelles falou de seu arranjo mais famoso, para a canção Mas Que Nada. "É como em New York, New York. Você ouve aquilo e já sabe o que vem", comparou.

Em 65, o conjunto original já estava disperso, o que o moveu a congregar uma nova equipe (da anterior, só restara Gusmão) para elaborar o menos autoral "O Novo Som". Os novos Copa 5 eram Eumir Deodato, Edison Machado, Roberto Menescal e Waltel Branco.

Meirelles contou que procurava ter sempre a mesma "atitude ingênua" que tinha aos 20 anos em relação à música. "Não tínhamos som, luz, mídia, mas ainda assim era a música que a gente gostava de fazer. Tinha consciência de que a palavra jazz tinha ligação direta com a cultura americana. Foi o veículo em que aprendi a tocar e a me desenvolver como músico. Hoje a minha preocupação é fazer as coisas cada vez mais simples e com mais brasilidade, mas sem desviar daquilo que já vinha fazendo."

Em 2001 a Dubas relançou seus primeiros álbuns, O Som (1964) e O Novo Som (1965). Coincidiu com a redescoberta do samba-jazz por uma nova geração de músicos e ouvintes. "Essa redescoberta me surpreendeu porque continuo fazendo a mesma coisa de sempre. Durante 30 anos não levava a sério a música instrumental, não achava que se podia viver disso, pior ainda com uma conotação jazzística", avalia. No ano seguinte, veio o inédito Samba Jazz!!, também pela Dubas "Quando decidi fazer isso de novo, minha primeira atitude foi refletir sobre os instrumentistas que assumiram posições de artistas. Músico toca de tudo, mas como artista você tem de se definir". Em 2005, lançou o CD "Esquema Novo" e como o título deixava claro, mostrar que estava sempre se renovando.

Fontes: site Folha e Estadão

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