Maranhense de São Luís, Tânia Maria cresceu em Volta Redonda, no interior do Rio de Janeiro. Ainda cursava o conservatório, aos 12 anos, quando foi vencedora do programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Nacional.
Um ano depois já liderava seu conjunto, tocando em bailes, numa época em que mulheres instrumentistas eram raras. "Eu vivia cercada por homens. Muitas vezes entrava num lugar, e o baterista começava a tocar uma valsinha para me gozar", relembra.
Antes de deixar o Brasil nos anos 70 para morar na França, ela gravou dois discos que só deram uma pálida idéia do estilo emotivo e suingado que veio a desenvolver mais tarde.
O disco "Apresentamos Tânia Maria" (1969) exibia seus vínculos com a bossa nova e o samba-jazz. "Olha Quem Chega" (1971) já refletia o ambiente da MPB naquele momento, aberta a fusões com a música pop e o jazz. "Sendo filha da bossa, o jazz sempre esteve muito perto de mim. Essas foram influências que me permitiram construir o que eu faço hoje", resume a cantora.
Ao assinar contrato com a gravadora norte-americana Concord, no início dos anos 80, Tânia já se mostrava madura e confiante. Além das composições próprias que apresentou nos álbuns "Piquant" (1981) e "Taurus" (1982), a exuberância de seus vocais e a alta energia de seus improvisos ao piano conquistaram até o influente crítico de jazz Leonard Feather.
"Consegui alugar uma casa lá nos Estados Unidos, só mostrando o que ele escreveu na capa do meu disco", diverte-se.
A essa altura, Tânia já vinha causando impacto em clubes e festivais de jazz dos EUA. A indicação de "Come with Me" (1983) para o Prêmio Grammy de melhor performance de jazz estabeleceu seu nome entre as principais cantoras desse gênero.
Duas décadas mais tarde, vivendo de novo na França, hoje a cantora se mostra bem crítica frente ao mercado que a transformou em estrela.
"O jazz está sendo segregado nos Estados Unidos. Os clubes que ainda existem lá são caríssimos, e isso afasta as pessoas. Até hoje a Europa foi, e acho que será sempre, a maior fã do jazz. Está todo mundo tocando aqui, onde posso me exprimir mais na minha língua", diz Tânia, que praticamente deixou de cantar em inglês, nos últimos anos. "Para o ouvido do europeu, a nossa língua soa mais sensual."
A cantora completa: "Estou passando por uma fase que não é de banzo, não é saudosa. Em minha cabeça ainda existe um Brasil lindo, e isso me faz compor dentro dessa atmosfera".
O reencontro com a platéia brasileira e a aparição de Tânia no recém-lançado DVD de Ed Motta seriam indícios de que ela pretende voltar a viver no país? (Tânia Maria ficou de 1974 até 2005 sem fazer shows no Brasil).
"Meu coração continua brasileiro, mas a minha cabeça já não é mais. Não penso em morar no Brasil, mas não deixo de voltar todos os anos. Sem essa vitamina eu não vivo."
*adaptado do texto original de Carlos Calado para o Folha Online de 02.03.2005
Um comentário:
Que loucura em japonego!! Toca ficha nesse site que tá bom demais..
Postar um comentário