Batucada Nº 4 (Philips, 1977) A Magia e a Empolgação dos Ritmos do Brasil, é um projeto encabeçado por Armando Pittigliani, que produziu e compôs as músicas deste disco, a coordenação artística ficou a cargo de Roberto Santana e conta com a participação do "bruxo", o Rei da percurssão, Djalma Corrêa. Como os outros volumes da série Batucada, que são baseados nos ritmos afro-brasileiros, este é pessoalmente o melhor, até pelo valor sentimental, pois cresci ouvindo esse LP, herança do meu pai. O lado A é samba puro, "Solos de Samba" que abre o álbum é contagiante, a partir daí, "Repicando", "Esquentando o Samba" e segue o baile, o lado B, começa com "Trem Batucada" e a lisérgica "Tambores da Selva", mas é dedicado aos ritmos nordestinos como o xote, maracatu e o baião e finaliza com "O Ritmo do Candomblé". É pra gringo ouvir e quem pouco conhece dos ritmos brasileiros, tá aí uma chance, pois a pegada percurssiva é uma bomba!!!
Filó Machado, cantor, compositor, instrumentista, produtor e arranjador, é um daqueles artistas com grande cartaz lá fora e aqui pouco reconhecido, mas segue na batalha, o músico começou tocando na noite paulistana por volta de 1971 e de lá pra cá participou de diversas gravações com nomes como Johnny Alf, Marília Medalha, Jane Duboc, Djavan e outros mais, em turnês internacionais, tocou com Michel Legrand, por exemplo. Filó (Chantecler, 1978) é seu álbum de estréia, que conta com participações de Léa Freire, Roberto Sion, Celso Machado e Aluízio Pontes. As composições são em parceria com Judith de Souza, e a faixa "Velha Cidade" fez parte da trilha da novela Como Salvar Meu Casamento - TV Tupi, há bons sambas como "O Polvo", "Tigre de Bengala" e "Ascenção", as rurais "Pindorama" e "Menino Diabo", "Ponta de Faca no Peito" e "Sonhar e Viver", entre outras. Música brasileira de qualidade.
Terceiro álbum da cantora e compositora carioca Angela Ro Ro, que recebeu este apelido pela sua voz rouca e grave. Escândalo! (Polydor, 1981) é uma alusão à exposição da cantora na mídia pela acusação de agressão a então sua namorada, a cantora Zizi Possi. Neste trabalho Angela Ro Ro, no auge, interpreta músicas como "Perdoai-Os Pai", "Came e Case", "Escândalo" - composição de Caetano Veloso, a excelente "Tão Besta Tão À Toa", o blues "Na Cama" e se dá ao luxo e quebra tudo no samba "Fraca e Abusada". Com a participação de ótimos músicos como Antonio Adolfo, Oberdan Magalhães, Dino 7 Cordas e Rick Ferreira, vale a audição deste disco de um grande talento, que ficou muito tempo perdido pelo abuso do álcool, prejudicando sua carreira, mas que foi retomada há alguns anos.
Artista paraibano com poucos discos gravados e neste seu segundo trabalho solo, chamado Apresentamos Nosso Cassiano (Odeon, 1973) o soul de Cassiano sofre forte influência da psicodelia e do rock progressivo, como nas líricas faixas "O Vale", "A Casa de Pedra" e "Chuva de Cristal", na paz-e-amor "Slogan", nas baladas "Cedo ou Tarde", "Castiçal" e "Melissa" - que foi feita pra filha dele, e nas músicas mais suingadas como a "Calçada", "Me Chame Atenção" e "Cinzas". As orquestrações e os arranjos que ficaram a cargo de Don Charles, que também toca piano no disco, se parecem um pouco com que os The Temptations estavam fazendo na época, e na banda tocando baixo com apenas 18 anos estava um jovem Robson Jorge.
O álbum mais experimental de Marcos Valle, Vento Sul (Odeon, 1972) é também o mais curioso, reza a lenda que foi composto em uma aldeia hippie, e suas músicas rompem com o tradicional, pois na mescla de samba com rock e progressivo, assustou os puristas, que renegando o lp, o deixaram como um clássico obscuro. Gravado com acompanhamento da banda O Terço, o disco abre com a psicodelia de "Revolução Orgânica", na sequência o sambadelic com um belo solo de flauta"Malena", "Pista 02" - (Delta posou às 23!), a viajandona, misteriosa e síntese do lp "Voô Cego", a lisérgica "Democústico", os hinos hipongas "Vento Sul" e "Rosto Barbado" e o folk "Deixa o Mundo e o Sol Entrar". Confira esse registro que tem uma das capas mais legais e uma sonoridade que vai além do habitual, com letras que falam de amor, paz e liberdade.
Com Luiz Chaves (baixo), Amilton Godoy (piano) e Rubens Barsotti, o Rubinho (bateria), integrantes do Zimbo Trio, que reforçados de Hector Costita (sax, flauta) e Heraldo do Monte (guitarra), registraram o disco Zimbo (RGE, 1976), e como diz na contracapa escrita por Luiz Carlos Piratininga: "Quem ficou algum tempo sem acompanhar de perto a carreira do Zimbo Trio, vai tomar um susto com este disco". Com uma proposta musical diferenciada e uma pegada groovy-jazzy, o quinteto detona competência e criatividade executando músicas de Milton Nascimento "Fé Cega Faca Amolada" e "Viola Violar", temas compostos em casa como "Tudo Bem", "Brincando", "Laurecy, Até Já" e "Vai de Aracajú", mais "Poliedro" - composição de Tito. Com certeza uma "pedrada" sonora que deve ser ouvida com atenção.
O pernambucano José Domingos de Morais, o Dominguinhos, sanfoneiro discípulo do mestre Luiz Gonzaga, nos anos 60 se defendeu tocando em night-clubs, para logo depois começar uma parceria com os baianos pré-tropicalistas, que projetaria sua carreira.
Domingo Menino Dominguinhos (Phillips, 1976) é um álbum primoroso, conta com as participações de Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil, Wagner Tiso, Toninho Horta e Altamiro Carrilho. A maioria das composições são de sua autoria com a parceria de Anastácia. Tem forró do bom, como em "Forró do Sertão", um sambarock em homenagem à Jorge Ben "Babulina", a magnífica "Baião Violado" - um baião-jazz, "Gracioso", outra faixa com levadajazzística, "Tenho Sede" - sucesso na voz de Gil, "Quero Um Xamego", "Cheguei Prá Ficar" e "Mala e Cuia" - são canções de belas melodias, letras e arranjos, os xotes melancólicos "Destino Traquino" e "Veja", entre outras músicas deste disco com referências nordestinas, mas com aquele suingue e balanço dos anos 70, fazendo com que a sanfona de Dominguinhos, não tenha limites.
Claudia Telles tem a música no sangue, filha da cantora Sylvia Telles - uma das percusoras da bossa nova e do violonista Candinho. Após o estrondoso sucesso do seu primeiro LP e da canção "Fim de Tarde", ela lança um segundo álbum chamado Claudia Telles (CBS, 1978), com os arranjos a cargo de Lincoln Olivetti. "Eu Preciso Te Esquecer" - composição da dupla Robson Jorge e Mauro Motta obteve êxito comercial, pois emplacou na novela global Locomotivas, "Foi Como Um Sonho" - Don Beto e Reina, mais "Conselhos", "Tão Só", "Mudanças" e "Nada Igual" são composições que tem aquele balanço soul característico da dupla Robson Jorge e Lincoln Olivetti, as baladas ficam por conta de "Um Amor Tão Lindo" - gravada por Robson em seu LP solo, "Por Eu Não Saber", "Prá Sempre" e pela bossanovista "Primavera" de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes.Vá sem medo e escute essa cantora que no começo da sua carreira em entrevista à Revista Amiga de 1976 declarou ser fã dos cantores negros americanos como Diana Ross, Dionne Warwick e Stevie Wonder.